HISTORIA


 

 
HISTÓRICO DO JUBILEU DE OURO IGREJA EVANGÉLICA “ASSEMBLÉIA DE DEUS”

JUBILEU DE OURO 1959-2009

A Igreja Assembléia de Deus - Ministério do Belém em Moji Mirim - SP, foi fundada em 14/09/1959, pelo Pr. Sebastião Coutinho, com base jurídica no Art. l4l da Constituição Federal, com primeiro endereço à rua Jorge Tibiriçá, num salão cedido por uma irmã da Igreja Presbiteriana. O trabalho começou com duas famílias: Pr José Teixeira Machado, sua esposa Yolanda Machado e
seus filhos Josias, Jair, Vani e Célia: o irmão Bento deCampos, esposa e filhos. As primeiras famílias a se converterem foram “Sanvido e Araújo” e os primeiros crentes: o irmão Nelson Sanvido e João Borim, Paulino Araújo e Sebastiana Araújo. Deus continuou abençoando e o primeiro grande desejo, logo sem cumpriu com a compra do terreno para a construção do templo sede. Coube ao proprietário do terreno, Sr. Antônio Barbosa facilitar a venda, no valor de Doze Milhões de Cruzeiros, o que na época, foi um grande milagre. O complemento do terreno, onde hoje se encontra o Templo Sede, foitambém uma bênção, graças a intervenção do irmão Josias Pires Machado, queem contato com o vereador Pedreira criou um projeto de Lei e a Prefeitura Municipal concedeu o terreno dos fundos para a Igreja. Depois de muitas reformas, o primeiro templo foi demolido e reconstruido na atual estrutura e reinaugurado em 10/03/2005

PASTORES PRESIDENTES
1959 - 1987 - Pr. José Teixeira Machado.
1987 - 1988 - Pr. Henrique Roberto da silva, vice-presidente.
1988 - 1988 - Pr Cristóvão Lazaroto - permaneceu poucos meses.
1988 - 1990 - Pr Alcides Arcângelo, assume a vice-presidência.
1990 - 1997 - Pr. Alcides Arcângelo.
1997 - 2000 - Pr Carlos Levy Mendes Conde.
2000 - ........ - Pr Valdeny Carneiro de Oliveira

DEPARTAMENTOS
No Ano de 1962 - iniciou-se o Círculo de Oração, sob a responsabilidadeda irmã Yolanda, esposa do Pr. José Teixeira Machado. O Círculo de Oração continua atuante tendo uma coordenadoria geral comas irmãs Raquel Carneiro de Oliveira e Márcia Regina Barbosa, tendo na sede e emcada congregação dirigentes, regentes, secretárias e tesoureiras e juntamente com desenvolvem um trabalho de oração, visita nos lares e hospitalar, aconselhamento e discipulado.

MENSAGEM PR. PRES. VALDENY CARNEIRO DE OLVIERA - 2009

Há Cinquenta Anos o Ministério do Belém, instalou-se emMogi Mirim - SP com o presbítero Sebastião Coutinho e família, coubeao Pr. José José Teixeira Machado iniciar o que hoje existe: Uma Igrejaque proclama o Reino de Deus, que Jesus Cristo salva, liberta, trans-forma o pecador perdido, cura os enfermos, batiza com o Espírito San-to e em breve virá para buscá-la para o céu. Ao longo desses anos enfrentamos dias trabalhosos, per-seguição, incompreensão, mas, também muitas vitórias. Hoje podemoscelebrar e dizer: “Até aquí nos ajudou o Senhor”. Nossa comemoração tem sido marcada com eventos como:Encontro do Círculo de Oração, Congresso de Jovens, congresso deadolescentes e cultos Comemorativos por ocasião da Ceia do Senhor,em cada 2º sábado de cada mês, de Janeiro a Dezembro de 2009. Nossa preocupação é preparar uma Igreja que tenha como padrão a palavra de Deus, que faça a diferença neste mundo e esteja pronta, preparada para morar no Céu. Nossa missão não tem sido fácil, porque o mundo a cada dia se distancia mais do padrão bíblico. Mas, com disse o apóstolo Judas v. 2 e 3: temos que batalhar pela fé para salvar alguns, arrebatando-os do fogo. Assim, continuaremos motivados pelas promessas deDeus, protegidos pelo seu poder e pelo seu amor insondável. Rm 11.36.
Em Cristo Jesus,

Valdeny Carneiro de Oliveira
Pr. Presidente - campo de Moji Mirim - SP


EM QUE CREMOS

1. Em um só Deus, eternamente subsistente em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo (Dt 6.4; Mt 28.19; Mc 12.29).
2. Na inspiração verbal da Bílbia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão (2 Tm 3.14-17).
3. Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal dentre os mortos e sua ascensão vitoriosa aos céus (Is 7.14; Rm 8.34 e At 1.9).
4. Na pecaminosidade do homem que o destituiu da glória de Deus, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode restaurá-lo a Deus (Rm 3.23 e At 3.19).
5. Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus (Jo 3.3-8).
6. No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor (At 10.43; Rm 10.13; 3.24-26 e Hb 7.25; 5.9).
7. No batismo bíblico efetuado por imersão do corpo inteiro uma só vez em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo (Mt 28.19; Rm 6.1-6 e Cl 2.12).
8. Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus no Calvário, através do poder regenerador, inspirador e santificador do Espírito Santo, que nos capacita a viver como fiéis testemunhas do poder de Cristo (Hb 9.14 e 1Pd 1.15).
9. No batismo bíblico no Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo, com a evidência inicial de falar em outras línguas, conforme a sua vontade (At 1.5; 2.4; 10.44-46; 19.1-7).
10. Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade (1 Co 12.1-12).
11. Na Segunda Vinda premilenial de Cristo, em duas fases distintas. Primeira - invisível ao mundo, para arrebatar a sua Igreja fiel da terra, antes da Grande Tribulação; segunda - visível e corporal, com sua Igreja glorificada, para reinar sobre o mundo durante mil anos (1Ts 4.16. 17; 1Co 15.51-54; Ap 20.4; Zc 14.5 e Jd 14).
12.Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo, para receber recompensa dos seus feitos em favor da causa de Cristo na terra (2Co 5.10).
13.No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis (Ap 20.11-15).
14.E na vida eterna de gozo e felicidade para os fiéis e de tristeza e tormento para os infiéis (Mt 25.46).



Assembleia de Deus 100 anos de Pentecostes


Movimento Pentecostal: 

“Surgiu no finai do século 19. Enfatiza a atualidade da doutrina do batismo no Espírito Santo e dos dons espirituais”.

Por ocasião do Centenário das Assembleias de Deus no Brasil é fundamental que a imensa multidão de seus membros e congregados estude como Deus chamou os seus pioneiros, começou a derramar do seu Espírito Santo sobre todos os que crêem e fez prosperar essa obra em todos os rincões de nossa querida pátria.


I. O CHAMADO MISSIONÁRIO DOS PIONEIROS


1.      A experiência pentecostal de Daniel Berg.


Em 25 de março de 1902, o jovem sueco Daniel Berg, com 18 anos e crente batista, desembarcou em Boston, nos Estados Unidos. Depois de sete anos, retornou a Suécia e conheceu a nova doutrina do batismo com o Espírito Santo por meio do pastor Lewi Pethrus que fora seu amigo de infância.

Quando retornou aos Estados Unidos, em Chicago, ele recebeu a promessa pentecostal em 15 de setembro de 1909.

2.     A experiência pentecostal de Gunnar Vingren.

Em 19 de novembro de 1903, o jovem sueco Gunnar Vingren chegou a Kansas City (EUA). Era crente batista e trabalhara como evangelista na Suécia.

Recebeu o batismo com o Espírito Santo em novembro de 1909 numa conferência em Chicago.

3.     O encontro em Chicago e a visão do Pará.

Gunnar Vingren e Daniel Berg se conheceram em 1909, na cidade de Chicago. Os dois descobriram que tinham uma chamada missionária.

Adolf Uldin, membro da Igreja Batista sueca em South Bend, que Vingren pastoreava, profetizou que eles iriam para um lugar chamado “Pará”.

Vingren descobriu num mapa na biblioteca de sua cidade que Pará era um Estado do Norte do Brasil.

Deus, então, revelou-lhes, quando estavam orando, em outra ocasião, que deveriam sair de Nova Iorque com destino ao Pará no dia 5 de novembro de 1910.


Depois de serem batizados com o Espírito Santo, os jovens Daniel Berg e Gunnar Vingren receberam de Deus o chamado para virem ao Brasil.

II. A FUNDAÇÃO DA ASSEMBLEIA DE DEUS NO BRASIL

1.      A viagem a bordo do navio Clement.

Decididos a atender ao chamado divino para a obra missionária no Brasil, Vingren deixou em 12 de outubro de 1910, o pastorado da igreja em South Bend e Daniel Berg saiu do seu emprego numa quitanda em Chicago.

Após terem experiências marcantes em relação ao dinheiro de que precisariam para viajar, embarcaram em Nova Iorque na terceira classe do navio Clement rumo ao Brasil.

Na viagem de quatorze dias, tiveram de experimentar uma comida nada agradável. Mas, eles ficaram ali, deitados na terceira classe, orando durante todo o tempo.

Certo dia, Daniel profetizou que o Senhor estava com eles, e verdadeiramente sentiram isso em seus corações.

Durante o período em que estavam no navio, oraram por um companheiro de viagem e evangelizaram um outro que veio a aceitar a Cristo como Salvador.

2. A chegada ao Pará e a doutrina pentecostal.

Chegaram a Belém do Pará em 19 de novembro de 1910.

Em Belém, moraram no porão da Igreja Batista.

Nos cultos e reuniões de oração da igreja, Vingren e Berg, quando começaram a falar o idioma português, pregavam a respeito do batismo com o Espírito Santo. O objetivo deles era pregar o evangelho de poder aos seus ouvintes.

Celina Martins Albuquerque, membro da Igreja Batista, creu na mensagem pentecostal pregada pelos jovens missionários e recebeu o batismo com o Espírito Santo quando orava de madrugada em sua casa, no dia 2 de junho de 1911, juntamente com outra irmã da sua igreja, Maria de Nazaré.

3. Nasce a Assembleia de Deus.

O batismo com o Espírito Santo da irmã Celina Albuquerque, e também, da irmã Maria de Nazaré, que ocorreu na noite do dia 2 de junho, fez surgir uma discussão na Igreja Batista de Belém, que culminou na expulsão de 13 membros, no dia 13 de junho de 1911.

No dia 18 do mesmo mês e ano, domingo, com 18 pessoas presentes mais Vingren e Berg, nasceu, na casa de Celina Albuquerque, a Missão de Fé Apostólica, que, em 11 de janeiro de 1918, foi registrada oficialmente como Sociedade Evangélica Assembleia de Deus.


III. DO NORTE PARA TODO O BRASIL


1. O trabalho evangelístico e a expansão nacional.

Daniel Berg e Gunnar Vingren, juntamente com os primeiros membros da igreja, começaram a realizar cultos em outros locais em Belém e a evangelizar em lugares distantes dessa cidade, principalmente nas ilhas paraenses.

logo, novos companheiros missionários foram chegando.

Os primeiros foram:

- Otto e Adina Nelson (1914),

- Samuel e Lina Nyström (1916),

- Frida Vingren (1917) e

- Joel e Signe Carlson (1918).

Também, a igreja começou a ordenar seus primeiros pastores:

- Isidoro Filho (1912);

- Absalão Piano (1913);

- Crispiniano de Melo; Pedro Trajano; Adriano Nobre; Clímaco Bueno Aza (1918);

- José Paulino Estumano de Morais (1919);

- Bruno Skolimowski (1921).

Membros das igrejas, missionários estrangeiros e pregadores nacionais, impelidos pelo ardor evangelístico pentecostal, começaram a visitar outros Estados, principalmente onde tinham parentes.

Dessa maneira, apesar das muitas lutas e perseguições, aconteceram os primeiros passos para a fundação de igrejas em todas as regiões do país:

Ceará (1914);

Alagoas (1914);

Paraíba (1914);

Roraima (1915);

Pernambuco (1916);

Rio Grande do Norte (1911, 1918);

Maranhão (1921);

Espírito Santo (1922);

Rondônia (1922);

São Paulo (1923);

Rio de Janeiro (1924);

Rio Grande do Sul (1924);

Bahia (1926); Piauí (1927);

Minas Gerais (1927);

Sergipe (1927);

Paraná (1928);

Santa Catarina (1920, 1931);

Acre (1932);

Goiás (1936);

Mato Grosso (1936);

Mato Grosso do Sul (1944) e

Distrito Federal (1956).

2. Os missionários e o desenvolvimento doutrinário nas ADs.

Atuaram entre as Assembleias de Deus, missionários escandinavos (suecos, noruegueses e finlandeses) e norte-americanos.


Nas primeiras cinco décadas das Assembleias de Deus, os missionários escandinavos tomaram iniciativas que contribuíram para o desenvolvimento doutrinário da igreja.

Eles fundaram jornais:

- Boa Semente;

- O Som Alegre;

- Mensageiro da Paz.

Criaram as Lições Bíblicas para a Escola Dominical, editaram os primeiros hinários (Cantor Pentecostal e Harpa Cristã), publicaram livros e folhetos evangelísticos, promoveram as primeiras Escolas Bíblicas que duravam um mês, e fundaram a Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD) em 1940.

Em 1936, os primeiros missionários das Assembleias de Deus norte-americanas chegaram oficialmente ao Brasil.

Eles passaram a atuar juntamente com a liderança sueca, principalmente no ensino bíblico e, investiram na publicação de livros teológicos, no ensino teológico formal e no estabelecimento gráfico da CPAD.

Dentre os missionários pioneiros nessas áreas do desenvolvimento bíblico-doutrinário, estão:

- Gunnar Vingren,

- Frida Vingren,

- Samuel Nyström,

- Nils Kastberg,

- Otto Nelson,

- Nels Nelson,

- Joel Carlson,

- Eurico Bergstén,

- Orlando Boyer,

- N. Lawrence Olson,

- John Peter Kolenda,

- João Kolenda e Ruth Dóris Lemos,

- Thomas Reginald Hoover e

- Bernhard Johnson Jr.


3. A Assembleia de Deus nos dias atuais.

A igreja chegou ao seu primeiro centenário apresentando um crescimento vertiginoso e acelerado, consolidando-se como a maior expressão do pentecostalismo brasileiro.

Numa estimativa feita em 2005, com bases em números do Censo Brasileiro, divulgada no jornal Mensageiro da Paz, as Assembleias de Deus teriam chegado a 20 milhões de fiéis espalhados por todo o país em 2010, e representariam 40% dos evangélicos brasileiros ao completar 100 anos de fundação.

São mais de trinta mil pastores, mais de seis mil igrejas-sede, mais de dois mil missionários, milhares de obreiros e mais de 100 mil locais de cultos nos mais de cinco mil municípios brasileiros.


SINOPSE DO TÓPICO (III)

A chama pentecostal se propagou por todo solo brasileiro. A Assembleia de Deus cresceu e se organizou doutrinariamente. Hoje é a maior denominação pentecostal brasileira.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Somos a continuidade do trabalho iniciado pelos pioneiros Gunnar Vingren e Daniel Berg. O Centenário não deve ser apenas um fato para comemorarmos, mas para despertar-nos a continuar pregando a mensagem que deu início à nossa caminhada em território nacional: Jesus salva, cura, batiza com o Espírito Santo e em breve voltará!



BIBLIOGRAFIA SUGERIDA


ANDRADE, C. As Disciplinas da vida cristã. 1.ed., RJ: CPAD, 2008.

BERGSTÉN, E. Teologia Sistemática. 4.ed., RJ: CPAD, 2005.

HORTON, S. M. et al. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 10.ed., RJ: CPAD, 2006.

ARAUJO, I. Dicionário do Movimento Pentecostal. RJ: CPAD, 2007.
MENZIES, W. W. Doutrinas Bíblicas: Os Fundamentos da Nossa Fé. 5.ed., RJ: CPAD, 2005.




HISTÓRIA DO MOVIMENTO PENTECOSTAL NO BRASIL




O avivamento da Rua Azusa, na cidade de Los Angeles - EUA, tem marcado profundamente o Cristianismo dos últimos cem anos. Hoje, dos 660 milhões de cristãos protestantes e evangélicos no mundo, 600 milhões pertençem as igrejas que foram diretamente influenciadas pelo avivamento da Rua Azusa”


O movimento pentecostal teve início com o trabalho do pastor Charles Fox Parham (1893-1929) nos Estados Unidos da América. Em 1898 o pastor Parham abriu um ministério, incluindo uma escola Bíblica, na cidade de Topeka, no estado americano do Kansas.

O pastor Parham levou seus alunos a estudarem o livro de Atos dos Apóstolos, em especial Atos capítulo 2, sobre o poder do Espírito Santo que capacitava os discípulos a falar em outras línguas (xenolália) para realizarem a obra missionária. Depois de estudar o livro de Atos, os alunos da escola começaram buscar o Espírito Santo, eles queriam receber o mesmo poder descrito no dia do pentecoste em Atos 2, e, no dia 1° de janeiro de 1901, uma aluna chamada Agnes Ozman, recebeu o batismo com o Espírito Santo, com a manifestação do dom de falar em línguas estranhas. Nos dias seguintes, outros alunos, e o próprio pastor Parham, também receberam a experiência e falaram novas línguas. 

Nesta época, as igrejas Holiness, "Santidade", oriundas da Igreja Metodista, ensinavam que o batismo no Espírito Santo, denominado por eles de "segunda bênção", significava uma santificação, e não uma experiência de capacitação de poder sobrenatural. Os dons do Espírito Santo, tais como falar em línguas estranhas, não fizeram parte da sua teologia do batismo no Espírito.

Já a mensagem do pastor Parham, foi que o batismo no Espírito Santo deveria ser acompanhado com o sinal miraculoso de falar em outras línguas. 

Assim, o pastor Parham, com seu pequeno grupo de alunos e obreiros, começaram a pregar sobre o batismo no Espírito Santo, e também iniciou-se um jornal chamado "The Apostolic Faith" (A Fé Apostólica), e em janeiro de 1906 o pastor Parham abriu uma outra escola Bíblica na cidade de Houstan, Texas. 

Uma das pessoas que acompanharam as aulas desta nova escola em Houstan foi William Seymour (1870-1922).  Seymour nasceu em 1870, era filho de ex-escravos, e em 1906 estava pastoreando uma pequena igreja Holiness em Houstan. Ele orava cinco horas por dia para poder receber a plenitude do Espírito Santo na sua vida. 

Em Houstan, o pastor Seymour enfrentou as leis de segregação racial da época tendo grande dificuldade para poder frequentar a escola bíblica do pastor Parham. Ele não foi autorizado estudar e ficar na sala de aula com os alunos brancos, sendo obrigado a assistir as aulas no corredor da Escola. O pastor Seymour também não pode orar nem receber oração com os outros alunos, e conseqüentemente, não recebeu o batismo no Espírito Santo na escola, mesmo concordando com a mensagem pentecostal. 

Nesta mesma época, uma pequena congregação Holiness na cidade de Los Angeles ouviu falar sobre a vida piedosa do pastor Seymour e o convidou para ministrar. Mas quando ele chegou e pregou sobre o batismo no Espírito Santo e o dom de línguas, não foi aceito por aquela congregação. 

Sozinho na cidade de Los Angeles, sem sustento financeiro nem a passagem para poder voltar para Houston, o pastor Seymour foi hospedado pelo irmão Edward Lee, um membro daquela igreja, e mais tarde, pelo irmão Richard Asbery.

O pastor Seymour ficou em oração, aumentando seu tempo diário de oração para sete horas por dia, pedindo ao Senhor que desse a ele "aquilo que o pastor Parham pregou o verdadeiro Espírito Santo e fogo, com línguas e o amor e o poder de Deus, como os apóstolos tiveram".

Em 1906 uma pequena reunião de oração começou na casa da família Asbery, na Rua Bonnie Brae, número 214 em Los Angeles. O grupo levantou uma oferta para poder trazer a irmã Lucy Farrow, amiga do pastor Seymour que já tinha recebido o batismo com o Espírito Santo na cidade de Houston. Quando ela chegou, Farrow orou para Edward Lee, que caiu no chão e começou falar em línguas estranhas. 

Na noite do dia 9 de abril de 1906, o poder do Espírito Santo caiu na reunião de oração na Rua Bonnie Brae, e a maioria das pessoas presentes começaram falar em novas línguas. A jovem irmã Jennie Moore, que mais tarde se casou com o pastor William Seymour, começou cantar e tocar o piano, apesar de nunca ter aprendido a tocar. 

A partir dessa noite, a casa na Rua Bonnie ficou lotada com pessoas buscando o batismo com o Espírito Santo. Dentro de poucos dias, o próprio pastor Seymour também recebeu o batismo e o dom de línguas.

“Agora só uma palavra relativa ao irmão Seymour, que é o líder do movimento debaixo de Deus. Ele é o homem mais manso que eu já encontrei. Ele caminha e conversa com Deus. O poder dele está na sua fraqueza. Ele parece manter uma dependência amparada em Deus e é tão simples como uma pequena criança, e ao mesmo tempo ele está tão cheio de Deus que você sente o amor e o poder toda vez que você chegar perto dele” - William H. Durham, The Apostolic Faith, fevereiro/marco de 1907.

Segundo testemunho da época, na casa na Rua Bonnie, os crentes gritaram durante três dias e três noites. Era época da Páscoa, as pessoas vieram de todos os lugares e no dia seguinte foi impossível chegar perto da casa. Quando as pessoas entravam na Casa, elas caíam debaixo do poder de Deus, e a cidade inteira foi tocada. Eles gritaram lá até as fundações da casa cederam, mas ninguém foi ferido. Durante esses três dias havia muitas pessoas que receberam o batismo, doentes foram curados e pecadores foram salvos assim que eles entraram no culto. 

Sabendo que a casa na Rua Bonnie Brae estava ficando pequena demais para o número sempre crescente de pessoas, o pastor Seymour e os outros irmãos procuraram um lugar maior para se reunirem, e acharam um prédio, na Rua Azusa, número 312, que tinha sido uma igreja Metodista Episcopal, mas, depois de ser danificado num incêndio, foi utilizado como estábulo e depósito. Depois de tirar os escombros, e construir um púlpito de duas caixas de madeira e bancos de tábuas, o primeiro culto foi realizado na Rua Azusa no dia 14 de abril de 1906. 

Muitos cristãos na cidade de Los Angeles e cidades vizinhas já estavam esperando por um avivamento. Frank Bartleman e outros estiveram pregando e intercedendo por um avivamento como aquilo que Deus estava derramando sobre o país de Gales. Bartleman escreveu e recebeu cartas do pastor Evan Roberts, líder do avivamento de Gales. Depois de visitar a reunião na Rua Bonnie Brae, Bartleman escreveu: Havia um espírito geral de humildade manifesto na reunião. Eles estavam apaixonados por Deus. Evidentemente o Senhor tinha achado a pequena companhia, ao lado de fora como sempre, através de quem Ele poderia operar. Não havia uma missão no país onde isso poderia ser feito. Todas estavam nas mãos de homens. O Espírito não pôde operar. Outros mais pretensiosos tinham falhados. Aquilo que é estimado por homem foi passado mais uma vez e o Espírito nasceu novamente num "estábulo" humilde, por fora dos estabelecimentos eclesiásticos como sempre”. 

O interesse nas reuniões na Rua Azusa aumentou depois do terrível terremoto do dia 18 de abril, que destruiu a cidade vizinha de San Francisco. Duras críticas das reuniões nos jornais da cidade também ajudavam a espalhar a noticia do avivamento. 

Como no avivamento de Gales, as reuniões não foram dirigidas de acordo com uma programação, mas foram compostos de orações, testemunhos e cânticos espontâneos. No jornal da missão, também chamado "The Apostolic Faith", temos a seguinte descrição dos cultos: "As reuniões foram transferidas para a Rua Azusa, e desde então as multidões estão vindo. As reuniões começam por volta das 10 horas da manhã, e mal conseguem terminar antes das 20 ou 22 horas, e às vezes vão até às 2 ou 3 horas da madrugada, porque muitos estão buscando e outros estão caídos no poder de Deus. As pessoas estão buscando no altar três vezes por dia, e fileiras e mais fileiras de cadeiras precisam ser esvaziadas e ocupadas com os que estão buscando. Não podemos dizer quantas pessoas têm sido salvas, e santificadas, e batizadas com o Espírito Santo, e curadas de todos os tipos de enfermidade. Muitos estão falando em novas línguas e alguns estão indo para campos missionários com o dom de línguas. Estamos buscando mais do poder de Deus." 

Frank Bartleman também escreveu sobre os cultos na Rua Azusa: O irmão Seymour normalmente se sentou atrás de duas caixas de sapato vazias, uma em cima da outra. Ele acostumava manter sua cabeça dentro da caixa de cima durante a reunião, em oração. Não havia nenhum orgulho lá. Os cultos continuavam quase sem parar. Almas sedentas poderiam ser encontradas debaixo do poder quase qualquer hora, da noite ou do dia. O lugar nunca estava fechado nem vazio. As pessoas vieram para conhecer Deus. Ele sempre estava lá. Conseqüentemente, foi uma reunião contínua. A reunião não dependeu do líder humano. Naquele velho prédio, com suas vigas baixas e chão de barro, Deus despedaçou homens e mulheres fortes, e os juntou novamente, para a Sua glória. Era um processo tremendo de revisão. O orgulho e a auto-asserção, o ego e a auto-estima, não podiam sobreviver lá. O ego religioso pregou seu próprio sermão funerário rapidamente. 
Nenhum assunto ou sermão foi anunciado de antemão, e não houve nenhum pregador especial por tal hora. Ninguém soube o que poderia acontecer, o que Deus faria. Tudo foi espontâneo, ordenado pelo Espírito. Nós quisemos ouvir de Deus, através de qualquer um que Ele poderia usar para falar. Nós tivemos nenhum "respeito das pessoas." O rico e educado foi igual ao pobre e ignorante, e encontrou uma morte muito mais difícil para morrer. Nós reconhecemos somente a Deus. Todos foram iguais. Nenhuma carne poderia se gloriar na presença dEle. Ele não pôde usar o opiniático. Essas foram reuniões do Espírito Santo, conduzidas por Deus. Teve que começar num ambiente pobre, para manter o elemento egoísta, humano, ao lado de fora. Todos entraram juntos em humildade, aos pés dEle”.
 

Notícias sobre as reuniões na Rua Azusa começaram a se espalhar, e multidões vierem para poder experimentar aquilo que estava acontecendo. Além daqueles que vieram dos Estados Unidos e do Canadá, missionários em outros países ouvirem sobre o avivamento e visitavam a humilde missão. A mensagem, e a experiência, "Pentecostal" foi levada para as nações. Novas missões e igrejas Pentecostais foram estabelecidas, e algumas denominações Holiness se tornaram igrejas Pentecostais. Em apenas dois anos, o movimento foi estabelecido em 50 nações e em todas as cidades nos Estados Unidos com mais de três mil habitantes. 

O avivamento da Rua Azusa durou apenas três anos, mas foi instrumental na criação do movimento Pentecostal, que é o maior segmento da igreja evangélica hoje. O pastor William H. Durham recebeu o batismo no Espírito Santo em Azusa, era pastor de uma Igreja Batista de Chicago, foi um dos que falaram em línguas nas reuniões de Seymour. Durham discordou de Seymour sobre a explicação teológica da experiência, entendendo justificação também como o início da santificação; o Batismo do Espírito Santo seria então a segunda bênção.

Daniel Berg foi membro da Igreja de Durham em Chicago, e do contato com essa igreja saíram vários missionários, como E. N. Bell (fundador da Assembléia de Deus dos EUA), Luigi Franciscon (Congregação Cristã no Brasil), Daniel Berg e Gunnar Vingren (fundadores da Assembléia de Deus no Brasil).



O PENTECOSTALISMO CHEGA AO BRASIL



O movimento pentecostal chegou ao Brasil proveniente da Missão de Fé Apostólica localizada na West North Avenue, 943 em Chicago, conduzida por William H. Durham (1873-1912), pastor batista entusiasmado com a mensagem pentecostal.  Inicialmente os líderes do movimento pentecostal nascente procuraram evitar que o mesmo se transformasse em denominação ou denominações. As designações Igreja de Deus, movimento da fé apostólica ou movimento das últimas chuvas refletem sem dúvida alguma esta preocupação. Aos poucos a designação Assembléia de Deus se popularizou e o grupo maior se transformou em denominação, com credo, escola bíblica e outros elementos típicos das outras denominações. Os ramificações menores preferiram o nome genérico de Igreja de Deus, a medida que assumiam características denominacionais, acrescentavam um nome geográfico, indicativo da sua origem ou sede.

No Brasil, em 1910 no Estado de São Paulo, o italiano Luis Francescon pregou a mensagem pentecostal na Igreja Presbiteriana do Brás, os crentes presbiterianos que aceitaram a mensagem foram expulsos da Igreja Presbiteriana e fundaram a Igreja Pentecostal Italiana e em 1911 no Estado do Pará, os suecos Daniel Berg e Gunnar Vingren, pregaram a mensagem pentecostal na Igreja Batista de Belém, aos crentes batistas que aceitaram a mensagem pentecostal foram expulsos da Igreja Batista e fundaram a Igreja de Fé Apostólica.


LUIS FRANCESCON (1866-1964) E A FUNDAÇÃO DA IGREJA PENTECOSTAL ITALIANA (CONGREGAÇÃO CRISTÃ NO BRASIL)


Influenciado pelo pastor William H. Durham, Luis Francescon afirma que no dia 25 de agosto de 1907 foi batizado com o Espírito Santo e falou novas línguas e que através do pastor Durham foi chamado para a obra missionária: “Naquele tempo enquanto se esperava a Promessa, o Senhor fez saber ao irmão W. H. Durham e outros que ele me havia chamado e preparado para levar Sua mensagem à colônia italiana; após fui eu mesmo também confirmado por Deus”.

No livreto intitulado RESUMO DE UMA RAMIFICAÇÃO NA OBRA DE DEUS, PELO ESPÍRITO SANTO, NO SÉCULO ATUAL de autoria do próprio Francescon, publicado em São Paulo em 1942, lemos:

“Em 8 de março de 1910, por determinação do Senhor, partimos direto  a São Paulo (Brasil). No segundo dia de nossa chegada àquela capital, divinamente guiados, encontramos no Jardim da Luz um italiano chamado Vicenzo Pievani (ateu) morador em Sto. Antônio da Platina, Estado do Paraná, e lhe falamos da Graça de Deus.

Dois dias após, V. Pievani voltou a Sto. Antonio da Platina, e nós permanecemos em S. Paulo até aos 18 de abril, quando então por vontade de Deus, o irmão G. Lombardi, partiu para Buenos Aires e eu para Sto. Antonio da Platina,...chegando.... em 20 de abril.

Outra dificuldade que encontrei foi não conhecer uma palavra no idioma português e achar-me sem dinheiro e doente; Deus, porém, que tem todos os corações em Suas mãos, me fez ver a primeira maravilha; ao chegar aquele lugar encontrei na janela a esposa do italiano Vicenzo Pievani tendo o Senhor lhe dito: “Eis o homem que eu vos enviei”. (Note-se que eu não era lá esperado). Assim, fui recebido em sua casa e pouco dias depois, o Senhor comprazeu-se abrir seus corações e de mais nove pessoas. Foram batizadas na água onze pessoas e confirmadas com sinais do Altíssimo.

Estas foram as primícias da grande Obra de Deus naquele país.

Logo após, o inimigo começou a trabalhar para desfazer aquela obra, mas foi em vão o seu trabalho.

O resto do povo daquele lugar, sabendo da minha chegada e da minha missão, juraram matar-me, tendo como chefe um sacerdote de determinada denominação. Isto seria sucedido se Deus não intervisse com Seus meios. O Senhor me fez saber de permanecer lá até 20 de junho; nessa prova eu estava pronto a me entregar aos inimigos, a fim de poupar a vida dos poucos crentes que o Senhor havia chamado Deus é testemunha disto, como também os irmãos que lá vivem.

Parti de Sto. Antonio da Platina em 20 de junho, com destino a São Paulo. Apenas chegando àquele capital, o Senhor permitiu abrir uma porta resultando que cerca de vinte almas aceitaram a fé e quase todos provaram a Divina virtude. Uma parte eram presbiterianos e alguns batistas e metodistas e alguns também católicos romanos. Alguns foram curados e outros selados com o Bendito Dom do Espírito Santo.

Em fins de setembro parti para o Canal do Panamá, deixando-os nas mãos de Deus e com os conselhos que o Senhor mandou dar para que por meio deles, continuassem a obra de Deus naqueles lugares...”. (Resumo de Uma Ramificação da Obra de Deus Pelo Espírito Santo no Século Atual. 1942 – São Paulo-SP).

A partir daí, o trabalho de Francescon espalha-se especialmente entre as colônias italianas, notadamente no sudeste do Brasil, principalmente em São Paulo e Paraná, onde ainda hoje concentram-se em maior número. Francescon fez várias visitas no Brasil e faleceu em 07 de setembro de 1964, na cidade de Oak Park, Illinois, EUA.


DANIEL BERG (1885-1963) E GUNNAR VINGREN (1879-1933) E A FUNDAÇÃO DA MISSÃO DA FÉ APOSTÓLICA (ASSEMBLEIA DE DEUS)

 As vidas de Daniel Berg (1885-1963) e Gunnar Vingren (1879-1933) são notavelmente paralelas. Nascidos na Suécia, os dois se tornaram batistas, e foram batizados por imersão no país de origem, depois emigraram para os Estados Unidos, respectivamente em 1902 e 1903.

De volta à Suécia para visitar seus familiares, Daniel Berg soube sobre o Batismo no Espírito Santo através de um ex-amigo de infância, e recebeu o batismo com o Espírito Santo na viagem de regresso aos Estados Unidos. Nos Estados Unidos passou para a Igreja Batista do pastor William H. Durham, em Chicago.

Gunnar Vingren estudou teologia em Chicago de 1904 a 1909, no Seminário Batista Sueco. Foi a Chicago para assistir a uma conferência pentecostal, onde recebeu o Batismo com o Espírito Santo. Nesta conferência Daniel Berg e Gunnar Vingren se conheceram e se tornaram amigos.

Gunnar Vingren ao voltar para sua igreja escandalizou os irmãos e foi despedido da sua igreja, assumindo logo depois um pastorado em South Bend, Indiana, a 100 km de Chicago. Foi nessa época que os dois foram chamados divinamente para a missão no Brasil, chegaram em terras brasileiras no dia 19 de novembro de 1910.

Tudo era estranhíssimo para os dois suecos, as pessoas malvestidas, os leprosos a desfilar seus corpos mutilados, apresentando pungente espetáculo pelas ruas.

Mas o Senhor de fato os enviara, e aqui estava para guardá-los do contágio e, logo, das agressões, ofensas e ameaças. Alguns dos alegres passageiros que com eles chegaram ao porto de Belém nunca imaginaram que viriam a ser infectados, o logo depois teriam seus nomes no rol dos mortos.

No modesto hotel (onde por um dia se hospedaram) consumiram os seus pobres 16 mil réis. Com os níqueis restantes, iriam de bonde, no dia seguinte, em busca da residência do pastor metodista Justo Nelson, diretor do jornal que, "casualmente", chegara às mãos de Vingren no quarto onde se haviam hospedado. Para surpresa deles, tratava-se de um conhecido de Vingren, nos Estados Unidos.

Separados para as missões por uma igreja batista, nada mais natural do que encaminhá-los aos irmãos da mesma fé, o que se fez. No dia seguinte, foram muito bem recebidos pelo missionário Erik Nelson. Este, como eles de nacionalidade sueca, convidou-os a cooperarem no trabalho. E ofereceu-lhes o sombrio e sufocante porão da igreja Batista da Rua João Balby, 406, onde se alojaram.

Assim Daniel Berg e Gunnar Vingren colaboraram nesta Igreja, na medida do possível, pois suas práticas pentecostais resultaram em dissensões, e depois de algum tempo Berg e Vingren foram convidados a se retirar, saíram, levando com eles dezoito membros da Igreja Batista.

Em 18 de junho de 1911, fundaram uma nova igreja e adotaram o nome de Missão de Fé Apostólica, que já era empregado pelo movimento de Los Angeles, mas sem qualquer vínculo administrativo com William Joseph Seymour. A partir de então, passaram a reunir-se na casa de Celina de Albuquerque. Mais tarde, em 18 de janeiro de 1918 a nova igreja, por sugestão de Gunnar Vingren, passou a chamar-se Assembleia de Deus, em virtude da fundação das Assembleias de Deus nos Estados Unidos, em 1914, em Hot Springs, Arkansas, mas, outra vez, sem qualquer ligação institucional entre ambas as igrejas.



DOCUMENTO 1 – TESTEMUNHO DE GUNNAR VINGREN

(Ivar Vingren: Gunnar Vingren: O Diário do Pioneiro, Rio de Janeiro, CPAD, PP. 32-33).

“Mais ou menos seis meses depois da nossa chegada, os diáconos da Igreja Batista me disseram: “Irmão Vingren, na próxima terça-feira o irmão dirigirá o culto de oração!”

Eu atendi o seu pedido e li alguns versos no Novo Testamento sobre o Espírito Santo e disse algumas palavras. Isto foi em maio de 1911. Os diáconos tinham as suas Bíblias abertas para conferir se eu estava lendo certo. Parece que ficaram satisfeitos com o que eu disse.

Durante aquela semana tivemos cultos de oração cada noite na casa de uma irmã, que tinha uma enfermidade incurável nos lábios e nós sentamos tristeza, porque ela não podia assistir aos cultos na igreja. O primeiro que fiz foi perguntar se ela cria que Jesus podia curá-la. Ela respondeu que sim. Dissemos então para que ela deixasse, desde aquele instante, todos os remédios que estava tomando. Oramos por ela, e o Senhor Jesus a curou completamente. Nos cultos de oração, que se seguiram ela começou a pedir e orar pelo Batismo com o Espírito Santo. Na quinta-feira, depois do culto, ela continuou pois, orando em sua casa juntamente com outra irmã. E à uma hora da madrugada esta irmã Cecília começou a falar em novas línguas e continuou falando durante duas horas. Foi, portanto, a primeira operação de Batismo com o Espírito Santo feita pelo Senhor Jesus em terra brasileira.

No dia seguinte a outra irmã, que presenciara tudo, foi e contou tudo o que vira aos outros membros da Igreja Batista. O seu nome era Nazareth. Na sexta-feira, depois de terminado o culto na igreja, veio a irmã Nazareth juntamente com outras irmãs para o nosso culto de oração. Aí mesmo Jesus batizou a irmã Nazareth com o Espírito Santo e ela também cantou um hino no Espírito.

Todos os demais que tinham vindo da Igreja Batista creram então que isto era uma obra de Deus, todos menos dois, o evangelista e a mulher de um diácono. O evangelista, que não quis crer, ficou muito orgulhoso e caiu debaixo do juízo do Diabo. Já no domingo, seguinte notamos que ele havia sido tomado por um poder estranho e isto se notava mais inda quando ele falava. Não era de admirar-se, pois ele era tão jovem e tinha tão pouca experiência.

Na terça-feira seguinte, ele convocou os membros da Igreja para um culto extraordinário e não permitiu nem que o pastor falasse. Ele somente disse: “Todos os que estão de acordo com a nova seita levantem-se”, Dezoito irmãos se levantaram e foram imediatamente cortados da comunhão da igreja. O pastor da igreja, que era um homem verdadeiramente crente e muito sereno, orou então a Deus no seu coração e pediu uma palavra. Abriu depois a sua Bíblia e encontrou o verso que diz: “Pelo que sai do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor, e não toqueis nada imundo, e eu vos receberei; e eu serei para vós Pai e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso”.

Estes dezoito irmãos saíram então da Igreja Batista para nunca mais voltar outra vez. Isto aconteceu no dia 13 de junho de 1911.”





DOCUMENTO 2 - TESTEMUNHO DE DANIEL BERG

Daniel Berg, Enviado por Deus, Rio de Janeiro, CPAD, 1973, 3 ª Ed., PP. 42-46.



     “As visitas dos membros da Igreja ao nosso quarto-corredor eram cada vez mais intensas. Os membros da Igreja desejavam que orássemos por eles. Alguns já tinham recebido o Batismo com o Espírito Santo, e muitos doentes haviam sido curados. Resolvemos, por isso, improvisar cultos à noite, naquele local apertado.

Certa noite, o pastor da Igreja apareceu na nossa modesta morada. Quando abriu a porta, defrontou-se com uma onda de hinos e orações. Levantamo-nos, saudamo-lo e convidamo-lo a participar do culto improvisado. Ele recusou e declarou que havia chegado a hora de tomar uma decisão. Disse, ainda, que ultimamente ouvira discussões acerca de doutrinas, coisa que nunca antes acontecera. Acusou-nos de havermos semeado dúvidas, inquietações e de separatistas.

Gunnar Vingren levantou-se e explicou que não desejávamos a desunião, ao contrário, desejávamos que todos se unissem. Se todos alcançarem a experiência do Batismo com o Espírito Santo, então nunca mais se dividirão, serão mais do que irmãos, serão uma só família.

O pastor da Igreja voltou a falar. Estava aberta a discussão. Disse o pastor que a Bíblia fala realmente do Batismo com Espírito Santo e na cura das enfermidades por Jesus, porém que essas coisas foram para aquele tempo. Seria absurdo, disse ele, que pessoas educadas, em nossos dias, pensassem que tais coisas pudessem acontecer. Hoje temos que ser realistas – disse ainda o pastor – e não ocupar o tempo com sonhos e falsas profecias. Hoje, temos a sabedoria para ser usada. Se não vos corrigirdes e reconhecerdes que estais errados, é meu dever comunicar a todas as igrejas batistas o que está acontecendo, para que se previnam contra as vossas falsas doutrinas.

Vingren ouviu essas palavras, com muita calma e depois respondeu: Caro irmão, não devemos permitir que assuntos tão importantes se transformem em discussão pessoal. Somos ambos servos de Deus, desejamos, por isso, estar na verdade, pois Aquele a quem nós pregamos é a Verdade. Na minha opinião, somos colegas e não concorrentes. Saber se quem leva as almas a Deus é coisa secundária. O que importa é que o número de almas salvas aumente e seja cada vez maior. Não direi que o irmão não esteja na verdade, mas que não achou toda a verdade. A verdade o Batismo com o Espírito Santo e das curas maravilhosas que Jesus pode realizar em nossos dias.

Quando Vingren terminou de falar, o pastor olhou para todos os presentes, esperando que algum dos membros da Igreja o apoiasse. Entretanto, ninguém o apoiou. Continuou a olhar insistentemente para um diácono, como quem pede que se defina sobre a questão. O referido diácono, um dos membros mais antigos e sustentáculos da Igreja, após aquele olhar insistente, levantou-se e declarou em nome de todos os presentes.

“Compreendo muito bem, os seus sentimentos, pastor, o senhor declara que está entre um grupo de traidores, que se distanciaram dos ensinos que lhes ministrou. Acha que estamos seguindo o caminho que nos ensinou. Entretanto, isso não é verdade. Nunca estivemos mais certos do que agora, jamais tivemos tanta fé como atualmente. O que aconteceu foi que agora achamos alguma coisa mais, a fé e o poder do Espírito Santo.

Não temos queixa, pastor, de não haver falada  destas coisas, pois o senhor desconhecia estas verdades, de modo que, não as conhecendo, não as poderia ensinar a outros. Nós desejaríamos que o senhor também recebesse estas bênçãos de Deus, a fim de nos entendermos melhor uns aos outros e sentir a mesma comunhão com os irmãos que vieram de outras terras.

Todos os membros desta Igreja, pastor, encontram-se agora em plano mais elevado, e mais perto do céu. O senhor disse que é realista; pois bem, vou mostrar-lhe alguns exemplos de coisas realistas, do poder de Jesus para curar em nossos dias. Uma irmã, que é membro da Igreja há muitos anos. É possível que o senhor lhe tenha prestado atenção, pois ela andava amparada por duas muletas. Ela ainda tem as muletas, porém não as usa. Estão penduradas na parede da casa em que mora, em local bem visível, para que todos vejam de que modo milagroso Jesus a curou, não só a ela, mas também a um irmão que foi curado de um tumor no pescoço.

Caro pastor – continuou o diácono – não queremos nem podemos acusá-lo; o senhor tem trabalhado para ganhar almas para Jesus; tem orado para que Jesus dê forças aos enfermos para suportar as enfermidades, mas na orou para Jesus curar as mesmas enfermidades, porque não crê nessas verdades. Agora, entretanto, o senhor viu com seus próprios olhos os dois exemplos que citei”.

O pastor olhou mais uma vez em redor e esperou que alguém se manifestasse a seu favor, mas foi em vão. A seguir dirigiu-se a mim e ao irmão Vingren e disse: Já tomei a decisão. A partir deste momento não podem ficar morando aqui. Procurem outro lugar, depois de tudo o que aconteceu, não os queremos mais aqui.

A seguir o pastor dirigiu-se ao pequeno grupo e perguntou: “Quantos estão de acordo com essas falsas doutrinas?” decididamente dezoito pessoas levantaram suas mãos. Elas sabiam que essa atitude equivalia a serem expulsas da Igreja....

Porém, o irmão que se levantou e falou em nome dos demais, chegou perto de nós e, como se houvesse lido os nossos pensamentos, disse: “compreendo a vossa preocupação; tenho uma grande sala em casa; está à vossa disposição, para realizar os cultos, e para morar, também há lugar para os irmãos”.

É claro que aceitamos o oferecimento, com muita alegria; naquela noite nós e muitos que desejavam receber o Batismo com o Espírito Santo, reunimo-nos naquela casa, para realizar oficialmente o primeiro culto pentecostal no Brasil. O primeiro culto foi realizado na rua Siqueira Mendes, 67, na casa da irmã Celina Albuquerque, esposa de um comandante de navio da Amazonas, cujo nome era Henrique. Esta irmã Celina foi a primeira crente batizada com o Espírito Santo no Brasil” .

DOCUMENTO 3 – VERSÃO BATISTA

Antônio N. de Mesquita, História dos Batistas do Brasil de 1907 até 1935, II Vol. Rio de Janeiro, CPN, 1940, pó. 136-137.

 “Em abril de 1911, aportavam a Belém dois senhores suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg dizendo-se batistas e chegaram a mandar buscar suas cartas. Logo procuraram (o pastor Eurico) Nelson seu compatriota para pedirem abrigo algures. O porão do templo lhes foi oferecido e lá se ficaram aprendendo a língua para então ajudarem Nelson na evangelização. Este bom missionário fez uma de suas muitas viagens ao Piauí, deixando esses homens na igreja na doce esperança de que mesmo sem saberem falar, ajudariam o trabalho. Eis que pouco depois, por ocasião das reuniões, começavam esses batistas a tremer e a gritar sendo já, a esta altura, imitados por alguns brasileiros. Que seria aquilo, que espécie de nova religião seria essa? Eram as perguntas. Eles deram para responder que era Batismo do Espírito Santo. Línguas e balelas tomaram os cultos um horror. Nelson estava fora e à frente dos trabalhos estava o jovem inexperiente, Raimundo Nobre. Toda Igreja estava sendo contaminada, pois já muitos falavam as tais línguas, menos os diáconos que não chegaram a fazer este “progresso”. Que fazer? O evangelista, ajudado por Felí de Barros Rocha, organista da igreja, convocou uma sessão extraordinária, declarou fora de ordem os pentecostais que já constituíam a maioria, e com a minoria excluiu os que se tinham desviado das doutrinas. Eles procuravam fazer valer os seus direitos de maioria, mas ficaram excluídos mesmo. Ficou dizimada a Igreja. Sem diáconos, uma desolação, este fim de 1911. Foi o começo do pentecostalismo no Brasil”.

  

BIBLIOGRAFIA

VINGREN, Ivar. Gunnar Vingren: O Diário do Pioneiro, Rio de Janeiro, CPAD.

BERG, Daniel. Enviados por Deus – Memórias de Daniel Berg. Rio de Janeiro, CPAD.

MESQUITA, Antônio N. De.  História dos Batistas do Brasil de 1907 até 1935, II Vol. Rio de Janeiro, Casa Publicadora Batista.

FRANCISCON, Louis. Resumo De Uma Ramificação Na Obra De Deus, Pelo Espírito Santo, No Século Atual, 1942, SP, atual: Histórico da Obra de Deus, revelada pelo Espírito Santo, no século atual - CCB.

REILY, Duncan Alexandar. História Documental do Protestantismo no Brasil, SP, 1993, ASTE.

LEONARD, Émile G. O Protestantismo Brasileiro: estudo de eclesiologia e de história social. 2ª edição. RJ e SP. JUERP/ASTE, 1981.